quinta-feira, 28 de agosto de 2008

A Fábula de Del Toro



O Labirinto do Fauno foi com certeza um dos melhores filmes do ano de 2006. O cineasta Guillermo Del Toro mostra uma fábula sombria recheada de metáforas, que além de ser puro entretenimento, também é uma ótima aposta para os cinéfilos e amantes da literatura fantástica.

A história se passa na década de 40 na Espanha pós-guerra Civil, aonde uma garota de dez anos se muda com a mãe grávida para uma área rural ao norte do país. Sua mãe acaba de casar com um coronel fascista. Lá, a menina passa a viver entre um mundo fantástico de sua criação e a dura realidade.

Tudo mostrava que o longa era uma mistura de fantasia com terror, o que me deixou com ainda mais expectativa para assisti-lo, porém, O Labirinto do Fauno não conta nem com fantasia nem com terror em doses suficientes para aplacar a fome do público por esses gêneros. Mesmo assim, podemos considerar um ótimo filme.

De um lado, temos uma guerra ocorrendo na Espanha e um capitão extremamente violento e sádico. Por outro, temos uma menina, que descobre ser na verdade a princesa de um mundo mágico. Para recuperar seu trono, ela precisa cumprir três provas. Então, o filme alterna entre a fantasia da garota e a guerra extremamente violenta de seu padrasto. É quase como assistir a dois filmes intercalados: um de guerra e um de fantasia.

Para os fãs da violência explícita, é o que não falta aqui. Temos pernas sendo cortadas, narizes sendo esmagados por garrafas, dentre outras fatalidades.

O filme começa com uma narração sobre uma princesa que abandonou seu reino subterrâneo para conhecer a realidade humana e as conseqüências de seu ato. Depois disso conhecemos Ofelia (Ivana Baquero), uma menina de 10 anos fascinada por livros de contos e fábulas com fadas. Ela está viajando junto com a sua mãe Carmen (Ariadne Gil) para o campo, onde vai encontrar seu padrasto, Vidal (Sergi Lopez). Ele é o capitão das forças fascistas do general Franco, que governa a Espanha em favor dos ricos e poderosos com a aprovação da Igreja Católica

Ao redor de sua nova casa, a menina encontra um labirinto que leva a uma trilha subterrânea. Lá ela conhece o Fauno (o mímico Doug Jones), uma criatura metade humana, metade bode, que a convence de que ela é a princesa perdida do reino subterrâneo e que precisa realizar três tarefas para retornar para seu reino. Ao mesmo tempo em que Ofelia embarca nessa viagem repleta de fantasia, Vidal não poupa esforços e sadismo para exterminar os rebeldes que ameaçam o governo.

Realidade e fantasia se misturam. Cercado de florestas, o público se sente confortável em aceitar que possa existir por ali um universo mítico. Envolvendo este universo está o mundo real. Del Toro não delimita o que é fantasia ou realidade; ele aponta caminhos e deixa que o público embarque na viagem de sua preferência. Mesmo na conclusão, Del Toro contrasta os dois mundos, assim, o espectador tem a possibilidade de escolher baseado em suas crenças pessoais: quem não acredita em fadas, lendas e mitologia não se sentirá enganado; otimistas que ainda vêem esperança no mundo em que vivemos ficarão satisfeitos. Isso fica evidente na personalidade de Ofelia. Ela mostra que talvez a melhor maneira de escapar da realidade seja criando um mundo de fantasia.

Texto da colaboradora Giovanna Leopoldi - www.gioleopoldi.blogspot.com

Um comentário:

Giovanna Leopoldi disse...

Mas que texto foda hein! hhahahaha